Sem meios termos... é assim que eu penso. Em cima do muro mora o covarde, com medo de errar, com medo de cair se tentar se jogar. E ele fica, como naqueles contos, de um lado com o bem e do outro com o mal, e pra agradar a todos ele fica morno, fica calado e sério.
Sem muito entender, eu repito as palavras do meu amigo Shakespeare: "Ser ou não ser, eis a questão."
Na mesma cena da peça ele diz:
"Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,
O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,
Toda a lancinação do mal-prezado amor,
A insolência oficial, as dilações da lei,
Os doestos que dos nulos têm de suportar
O mérito paciente, quem o sofreria,
Quando alcançasse a mais perfeita quitação
Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,
Gemendo e suando sob a vida fatigante,
Se o receio de alguma coisa após a morte,
–Essa região desconhecida cujas raias
Jamais viajante algum atravessou de volta –
Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?
O pensamento assim nos acovarda, e assim
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação."
A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca - William Shakespeare
O medo é o pior opressor, é o que faz mais prisioneiros de vidas medíocres e sem personalidade. É importante que hajam escolhas, que hajam erros e consequentemente haverão acertos. É importante que cada um faça a sua história, escolha o seu futuro, tenha sua comida preferida, sua própria religião, seus ideais, pensamentos e opiniões. É importante que sejamos fieis ao que vivemos, sem ter que mudar pra agradar a ninguém.
"Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca."
(Apocalipse 3 : 16)
Catarine Aguiar